quarta-feira, maio 20, 2015

Crônica da saudade anunciada


Eis que a vida te coloca em uma situação semelhante à outra vivida há algum tempo. O que muda? As personagens da história e a posição que você ocupou.
Restaram apenas duas opções: safar-se da reprise ou viver e pagar para ver.
Sabe quando você conhece aquela pessoa especial, que a conversa é agradável, o beijo é bom e o sexo fantástico? Até aí tudo bem, mas o detalhe que motivaria a dúvida vos revelo agora: como nada é perfeito, depois do primeiro encontro, a revelação: "Eu vou passar um ano fora do país, viajo daqui a dois meses...". A sensação foi semelhante a estar à beira-mar, ver o navio partir e tentar alcançá-lo nadando... Enfim...
Há um tempo, vivi situação parecida: depois de seis meses de namoro, a oportunidade de morar em outro país surge! Eis que a separação fora dolorosa para as duas partes envolvidas. Tristeza, choro e sofrimento foram alguns dos ingredientes do rompimento. Clichê !
Ao relembrar da situação passada, eis que surge a dúvida "seria o destino querendo dar a oportunidade de tirar um novo aprendizado?". Talvez! Na dúvida, o medo de sofrer ficou para trás e o risco foi vivido.
Não sei se todo mundo teria a coragem de viver uma relação com prazo de validade definido: dois meses.
A primeira coisa a se fazer seria relativizar o tempo: substitui dois meses por sessenta dias. Ou como você diria: troquei seis por meia dúzia... Mas funcionou, já que o prazo existia, que ele parecesse longo, ao menos.
Os encontros cada vez mais frequentes, no início uma vez na semana, depois: quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo.
Da primeira noite de conchinha à toalha de banho e escova de dentes,a relação foi crescendo.
Status? Indefinido com prazo de validade, mas o que poderia ser desesperador foi a porção mágica para tornar uma história suave.
Cobranças? Não haveria tempo para elas! Posse? Não haveria chances de se apoderar do que vai partir. Medo de sofrer? Em alguns momentos.
Eis, que o tempo passa, o prazo chega e os sessenta dias foram intensos e leves ao mesmo tempo.
Na despedida, um jantar! Com direito a uma noite de conchinha.
Palavras foram poucas, mas o corpo falava. Um olhar fujão com medo de revelar a sensação da despedida, um coração apertado, na mente, um filme de sessenta dias se passava em fração de segundos.
Adormecido, desperta-me com um "preciso ir embora..."
Um abraço apertado, roupas vestidas, outro abraço apertado.
Na porta da rua, mais abraço apertado, alguns beijos, algumas confissões.
Entre algumas palavras de carinho, algumas lágrimas tímidas surgiram.
Na partida, ouvi: "Você é muito especial... Fique bem!". "Sentirei sua falta", foi o meu adeus.
Quanto à saudade, ela existe! É suavemente intensa...


Aracaju, 8 de maio de 2015, 1:15