quinta-feira, junho 26, 2008

Carta ao meu reflexo





Oi meu lindo,

Estava hoje pensando, eu tenho te deixado de lado. Nunca mais te fitei nos olhos, como sempre faço.
É, talvez seja a sinceridade que você expõe faça com que eu nao queira saber. Mas, você deve está se perguntando: por que nao tenho te visto. E ,eu na cara de pau, respondo: tu me trazes a memória muita coisa, e talvez eu não queira saber. Aí é que se encontra o pior, a gente não querer enxergar o que está em nossa frente, só agora eu reconheço isso.
Você é a extensão do meu ser que mais me faz refletir. A você confesso minhas ânsias, minhas alegrias, minhas tristezas, e você sempre me entende.
O ouvinte assíduo dos meus monólogos, das minhas crises - e essas são muitas, você sabe muito bem. Contigo compartilho meus pecados intímos...
Tu és a parte fria da minha essência. Nunca foge da minha presença. Talvez sejas, o mais conhecedor e ao mesmo tempo o que mais descobre.
Cada vez que te encaro é uma surpresa. Acredito que me ache complicado.
Mas também não posso esquecer que és a criatura que mais me levanta a estima, me mostra os pontos físicos forte, quando caio na crise do "Patinho feio", é, é você sim, quem me sorrir e mostra o sorriso largo de menino, o sorriso espontâneo, é, é você quem mostra a boca rosadinha que tanto gosta.
Ah! Não posso esquecer das caras safadas que você me ensina a fazer, enquanto caímos na gargalhada, a sua porém abafada pela frieza da superfície que te esconde.
Você me ensina tanta coisa...
Eu me (re)conheço através de ti, extensão de mim.
São tantas coisas compartilhadas, sim, são...
Lembra de quantas vezes você me olha nos olhos e diz: "Levanta-te, por tras desse corpo franzino, se esconde muita coisa boa, que você nem sempre se permite mostrar, caixinha de surpresas. Não posso esquecer, das vezes que me corrige: "Não, não é assim, vai com calma. Todos erram, você também erra, e como erra, não é?"
Eu guardo tudo isso que me dizes, nao sabes o quanto te venero, Extensão de mim.
Olha, por hoje é só.
Estou criando coragem para te encarar, reflexo meu.
Abração da sua imagem real, que se projeta na sua virtualidade para o autoconhecimento.
Amo-te, tanto quanto a mim!

quarta-feira, junho 25, 2008

Nata


Tinha 15 anos quando saiu de casa. Levou consigo apenas a roupa do couro.Foi-se embora, ou melhor, em boa hora, afinal; a famíla rica falira de vez. Então decidiu construir um futuro novo, sozinha.
Muita coragem, uma guria de 15 anos apenas.
Assim fez Renata, saiu de casa com a cara, a vergonha e a coragem.
Era filha única, rebelde sem causa aparente, não precisa de causa maior que um pai alcoolatra e uma mãe suicida(tentou se matar 7 vezes, 7 porque é o número da perfeição), todas em vão, seria menos uma louca no mundo.
Renata tava cansada das festinhas, dos novos ricos, aquilo nao lhe pertencia, ela queria o vento da liberdade em sua face, mas a vida social não lhe permitia, sendo assim, numa manhã ensolarada de sábado, pegou alguns biscoitos e enrolou num guardanapo, roubou algumas jóias da família, e foi-se, foi-se(sim, a sonoridade é proposital) como se corta o cordão que segura a pipa, ela partiu.
Partiu sem desitino certo, com a cara, a vergonha e a coragem, a cara lavada dos poderes adquiridos, a vergonha dos amores proibidos, e a coragem dos amores bandidos.
Passou algum tempo viajando de carona, coragem, coragem mesmo. Até que chegou num vilarejo com pouco mais de 2mil habitantes.
Comprou um casebre com as jóias, confecciona roupas de tecido natural, vive de pão e águas, e vê as horas se passarem na janela, esperando seu princípe burguês, seu hóspede, chegar.

terça-feira, junho 24, 2008

Lua nua



Na noite fria
A nua lua
em mim cria,
melancolia.

sábado, junho 21, 2008

Ensaio sobre a morte


Será que somos gerados para a morte?
Uma primeiras coisas que recordo das aulas de ciência é o ciclo de vida, de um ser vivo: Nasce, cresce, se reproduz, envelhece e morre.
Mas, nem todos têm a mesma sorte de envelhecer, morrem jovens.
Já dizia o poeta, os bons se vão cedo. Mas por quê? Teria esse ser feito tudo, tudo mesmo, aqui na Terra? Ou seria Deus que necessita dele?
São perguntas sem respostas lógicas, somos obrigados a nos conformar com a nossa finitude, nascemos para morrer.
Porém, nunca estamos preparado para a morte, ela vem sorrateira, e no susto acaba com a vida de alguém, deixando aqui os que o amam, sem consolo.
Enquanto choramos,lembramos, as flores se fazem presente, enfeitando o fim da vida.
Morrer é do homem, mas não sou obrigado a aceitá-la de braços abertos.






LUTO
Hélio Siqueira Guimarães
*18 de agosto de 1988
#19 de junho de 2008.



quarta-feira, junho 18, 2008

Fluxo

Preciso revelar o que se esconde por trás do meu pensamento, preciso escarrar o que me sufoca, o que me angustia, não sei o por quê de eu estar tristonho hoje, o que é fato é que a tristeza me afetou.
Nada me satisfez hoje, nem preparar o almoço (que tanto gosto).
Não sei o que é, talvez eu esteja crescendo, amadurecendo, perdendo algumas ilusões para adquirir outras.
Então, preciso esvaziar-me de mim, por isso escrevo agora, escrevo porque esse instante existe, e ele quem me faz pensar. E não apenas penso, mas também revelo o que estou pensando nessas palavras não muito coerentes, talvez pareça desconexo para você isto que lê agora, mas não quero escrever o que seja passível de ser entendido, quero transcender...
Nesse fluxo de pensamentos soltos transpostos em palavras alivio minh'alma, não é apenas um exercício da escrita, mas para mim é também um exercício de auto-conhecimento.
Escrever me permite conhecer além do que eu acho que eu sou, traz à tona o que finjo ser e o que eu gostaria de ser também.
Continuamente escrevo, na necessidade da busca incessante de aliviar o que me angustia.
Não sei o que me angustia, talvez o excesso de horas solitárias estejam afetando meu humor, que por sinal, esta ocilando muito.
Mas, não culpo a tristeza por nada não, aliás agraço sempre. Ela nunca vem sozinha, junto com ela vem a maturidade me dizendo que eu cresci, que as coisas mudaram, e mudarão ainda mais.
Aliviado, paro por aqui!

quinta-feira, junho 12, 2008

Carta à pessoa amada que ainda não chegou




Olá.

Meu bem, hoje é dia dos namorados! Por onde você anda que ainda não chegou?
Queria preparar aquela comidinha que você adora. Te encher de cafuné. Mas você insiste em não entrar na minha vida.
Não comprei o seu presente por que eu ainda não sei o numero que você veste, nem o número que você calça. Pensei em comprar um par de tênis,algo me diz que você gosta de esportes. Mas não sei se ficaria bem, pensei também em comprar um perfume, mas já me disseram que não se dá perfume a quem se namora, pois o relacionamento dura o tempo de uso do perfume. Então, prefiro não arriscar. Já que você nem chegou ainda, como irei limitar a nossa relação que não começou ainda?!
Sinto falta de você mesmo sem te conhecer ainda. Sabe àquelas horas que você deveria estar ao meu lado? Apoiando-me, dando força. É nessas horas, que você mais me faz falta.
Às vezes acredito que coseguirei viver sem você, mas acho que serei sempre dependente da tua presença. Por diversas vezes pensei em te procurar, andando pelos bares da cidade, pelos cinemas, pelos shoppings, em sites de relacionamentos. Tentei algumas vezes, todas frustradas.
Até que encontrei algumas pessoas, mas nenhuma delas era você!
Em nenhuma delas eu vi o brilho no ombro direito - me disseram uma vez que quando a gente encontra nossa outra metade vê um brilho no ombro direito, não acredito muito nisso não. Mas nunca se sabe, por via das dúvidas eu olho, vai que eu vejo o tal brilho?
Apenas sei, que sinto uma falta tremenda de ti, quero os seus afagos.
Às vezes acho que algum amigo em comum irá nos apresentar, às vezes acho que vou te encontrar na rua, sei lá; são tantas possibilidades.
Espero-te faz um tempinho, mas tomei uma atitude esses dias, não vou correr atrás de você não, você que dê um jeito de entrar em minha vida, se vire, fale comigo na fila do cinema, no ônibus, seja lá como for, peça meu email aos meus amigos, se vira, mas trate de entrar logo e sem demora, pois já perdeu o presente do dias do namorados.
Às vezes perco a paciência com você, dá um ódio.
Só porque você sabe que eu gosto de dormir abraçado fica fugindo de mim, mas não se preocupe não, meu bem. Quando chegares, recuperarei todo tempo que fiquei a te esperar.
Meu anjo, quando você chegar, prometo fazer todas as guloseimas que sei que você devora em segundos, prometo também te oferecer o melhor cafuné, ah! como esquecer?!tenho bons dotes culinários!
Ficaremos gordinhos de tanto brigadeiro de panela que farei.
Trocaremos cartas, cartões, e faremos vários passeios àquele lugarzinho mágico,que ainda não sei aonde é, mas tenho certeza que faremos.
Eu tenho pensado muito em ti ultimamente, aliás, sempre. Pensando em como será o apelido carinhoso que colocarei em você, enfim, são tantas coisas.Pacientemente espero-te.
Por hoje é só, meu anjo.
Fica bem, e trate de entrar logo em minha vida.
Abraçãozãozão do seu menino(é assim que você me chamará).




domingo, junho 08, 2008

ontem

Ontem as paredes do meu quarto estavam mais frias do que sempre, nao suportava ficar mais um segundo sequer.
Estava decidido, queria ver o mar...
Sai de casa sozinho, com a certeza que continuaria sozinho.
O mar estava lindo contrastando com o azul celestial, e enquanto andei quilômetros à beira mar minha vida passa feito um filme em câmera lenta nas ondas do oceano, lembranças, saudade dos velhos amigos.
E um grande questionamento sondava minha mente:"Por que eu estava sozinho andando na praia?", até o instante presente não encontrei nenhuma resposta satisfatória para a minha pergunta, apenas sei que fui ver o mar sozinho, e para variar o Solitário Sol estava lá, lindo, brilhando, mas dessa vez parecia um brilho especial, sentia como se seus raios estivesse me seguindo e emanando toda uma energia positiva para mim.
Andei por mais de uma hora, e a infinitude da beleza marinha me fazia pensar o quanto limitados somos, o quão pequeno somos diante da vastidão do universo.
A cada passo dado uma passagem da minha vida se passava por entre as ondas, e a vontade de andar mais permanecia,
Andei, andei e por incrível que pareça a sensação de cansaço não existia.
De todos os encontros que tive com o mar, esse foi especial, não sei o por quê, e tive uma certeza,
apesar de solitário fisicamente, não estava sozinho espiritualmente.
E cheguei a uma conclusão, ser feliz não é ter alguém olhando para mim o tempo todo, mas sim perceber que no mesmo instante, todos olhavam a mesma direção.
Por fim, banhei-me nas suas águas, feito criança que nunca o viu. Corri e por um instante esqueci que era observado, lavei não só o corpo físico, mas LAVEI A ALMA.
O que há de se fazer com a verdade de que o Mar me excita?!

terça-feira, junho 03, 2008

Comemoração

Fizemos dois anos de namoro ontem, a paixão tomava conta de mim e de Marília, seus olhos brilharam quando a pedi em noivado na mesa do nosso restaurante preferido, comíamos sambolarico, o prato do primeiro encontro.
Enquanto Marília trazia nosso sabor predileto à minha boca seu perfume exalava, até que o estúpido do garçom tropeça e derrama vinho no vestido de tafetá que minha amada usava, um drástico incidente quase pusera a noite a perder. Se não fosse um senhor que estava ao centro do restaurante teria sido pior, ele segurou uma das bandejas do garço impedindo que caisse um prato sobre ela.
Saímos, fomos para casa, Marília tomou seu banho, vestiu a lingerie que mais gosto, olhou nos meus olhos e começamos nosso jeito complexo de amar.

espera

As horas passavam progressivamente enquanto minha ansiedade se fazia presente, róia todas as unhas possiveis à espera do meu bem. Olhava a todo instante para a maçaneta da porta do apartamento na esperança de que meu anjo entrasse e dissesse com os olhos sorridentes:
"Trouxe os doces que devora"
Despertei com um pingo na testa enquanto o frio me fazia tremer no sofá da sala, esperei por horas, e nada da minha vida aparecer, me trazendo sua alegria.
De súbito, meus devaneios são interrompidos com o barulho da chave na fechadura.
Levantei do sofá num pulo só.
Enfim, chegara. Vinha me dizendo que eu sempre estava errado. Me beijou, era a ultima vez que fizera isto.