terça-feira, dezembro 30, 2008

Um dia eu vou voar...


Uma coisa me instiga.
Um mistério que há:
A beleza contrastante
Entre o céu e o mar.
São tão distantes.
Mas a união se faz notar.
O azul do céu
Complementa o verde, às vezes azul , do mar.
Mas de uma coisa eu tenho dúvida:
O que é que há,
na linha que separa o mar do céu
e o céu do mar?
Um dia eu vou voar
Entre o Céu e o Mar
Descobrirei o mistério que há.




quinta-feira, dezembro 25, 2008

Sobre não gostar do Natal

É assim: a família se reúne ao redor do banquete, fazem orações, trocam presentes, dizem palavras bonitas, fazem as pazes. Enfim.
Só para lembrar aos esquecidos, temos um ano com 365 dias. São 365 oportunidades de mandar flores, 365 oportunidades de reunir a família em um jantar especial, 365 chances de pedir perdão, 365 chances de fazer inúmeras coisas.
Entretanto, as pessoas só se arrependem no dia 25 de dezembro, o povo só se emociona no dia 25 de dezembro, as pessoas só fazem banquetes no dia 25 de dezembro, as pessoas só aproveitam o dia 25 de dezembro. E esquecem que possuem 364 dias além desse para brindar a vida, os amores, os acontecimentos.
Se o aniversariante do dia pregou tanto a igualdade, a fraternidade, não sei o por quê de seus seguidores só fazerem isso no dia 25 de dezembro.
Enfim, apenas sei, que sinto um tanto de hipocrisia no Natal.
Aproveitemos a oportunidade, a vida acontece todo dia. Não espermos o dia 25 de dezembro para dizermos o quanto amamos alguém.
A vida é o agora!

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Eu não sei fazer poesia


Dos espelhos d'água:
Faço janela pra minha alma.
Mostro os mistérios que há em mim.
Descubro o meu sem fim.




sábado, dezembro 20, 2008

Tento














Tento,

Invento,

Argumento:

Como eu poderia parar o vento?

Tento,

Invento,

Lamento,

mas nunca consegui ver o vento.

Tento,

Invento,

Incremento,

Dou cores ao movimento,

Palpável torna-se o vento.




Carta aos amigos

Olá queridos,

Infelizmente esse grau de querência não está no mesmo nível para todos, mas fazer o quê, não é? Faz parte da vida. Se a sociedade é dividida em classes, por que não posso separar meus amigos por grau de querência?

Então, é assim, não citarei nomes, para que eu não caia na lista dos poucos queridos de vocês. É, eu sei que vocês sabem o quanto sou egoísta e egocêntrico, que vivo tentando me espiritualizar para anular o ego, mas nem sempre consigo, eu sei que vocês sabem, amigos de verdade sempre sabem.

Mas não me importo que vocês saibam, afinal, amigos nos amam com os nossas virtudes e defeitos também, e esses tenho de sobra. Apesar de, às vezes, quase sempre;dá vontade de esganar vocês.

Alguns não tão perto, outros tão perto que não se fazem presente. Muitos se passaram, poucos permaneceram. Não sei se por culpa deles, ou por culpa minha. Talvez eu tenha um jeito estranho de criar vínculos, ou de não criá-los.

Isso não importa agora, o que importa é que necessito, neste momento, dizer aos que permaneceram o quão importantes são para mim.

Vocês colorem minha existência de uma forma singular.

O nervosismo de um. O mau humor de outro. A caretice de alguns. O exagero de outros. A sinceridade, a safadeza, a alegria, a raiva, o egoísmo, de uns tantos outros, são injeções de ânimo para que eu possa seguir em frente.

Cada individualidade, que me encanta de alguma forma, se fazem necessárias na longa caminhada que se chama vida.

Sei que tenho um jeito estranho de gostar, para alguns demonstro em excesso, para outros nem sabem a dimensão da minha querência. Chato isso. É questão de conforto.

Mas saibam, que tenho muito apreço por cada um de vocês que entraram em minha vida. Mesmo os que não são presentes, ainda.

Abraçãozão bem grandão, do tamanho do infinito.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Balanço Geral - 2008

2008 foi o ano das experiências, ou melhor dizendo: das primeiras vezes...

Primeiro ano da faculdade.
Primeira prova da faculdade.
Primeiro seminário da Universidade.
Primeira vez que fui morar com uma amiga.
Primeiro açaí...
Primeiro sushi...
Primeiro arroz feito por mim.
Primeiro macarrão.
Primeiro cachorro-quente.
Primeira vez que levei café na cama pra alquém.
Primeira vez que transei a noite.
Primeira viagem com amigos...
Primeira vez que fiz Yoga na praia...
Primeiro beijo triplo...
Primeira vez que usei gravata.
Primeira vez que tentei virar vegetariano.
Primeira vez que chorei trancado no meu quarto com saudade de casa.
Primeira vez que pedi pra minha mãe pra ficar mais um dia no interior porque estava com saudade.
Primeira vez que tomei um porre, vomitei, perdi meu celular e esqueci de tudo que fiz no dia anterior.
Primeira vez que dancei bêbado na sala do apartamento ouvindo a jovem pan.
Primeira noitada sem ter hora para voltar, e com a certeza que ninguém vai ligar pra incomodar.
Primeira festa com o povo da faculdade.
Primeira vez que todo mundo se reuniu numa pizzaria...
Primeiro porre com as amigas da faculdade, e a gente sai gritando pela rua na orla...
Primeira vez que dormi fora de casa, sem ter que dar satisfação a ninguém.
Primeira vez que me senti livre de verdade.
Para segurança geral da nação, algumas das primeiras vezes foram omitidas.
E que venha 2009.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Joguinhos psicológicos III

Eu: Num instante, não é?
Tu: O quê?
Eu: As horas...
Tu: Duas horas se passaram.
Eu: De repente.
Tu: Não tão de repente assim.
Eu: Por que não?
Tu: Muito cansativo.
Eu: Por que?
Tu: Os minutos de silêncio.
Eu: Faz parte do jogo.
Tu: Que jogo?
Eu:Ah. voltemos ao silêncio.
Tu: Sim.
Eu: Não existe silêncio, existe ausência de palavras.
Tu: Como assim?
Eu: Sua mente está em silêncio?
Tu: Não.
Eu: Então?!

domingo, novembro 30, 2008

Sobre os arquétipos

Talvez você não se importe, mas eu me importo.
Andei pensando esses dias sobre o valor que uma simples gravata dá a você.
Não tinha imaginado o status que você ganha até usar uma.
Fico triste com isso. Até parece que dentro do corpo que é vestido pela roupa, pois não é ele quem a veste; não existe uma essência independente daquilo.
Ah... Os valores humanos.
Por isso acredito em uma teoria: só no sexo as pessoas são quem são.
Pois estão livres de arquétipos, armaduras, ou classe social.
O único lugar onde todos são iguais é a cama!
Eu acredito nisso!

terça-feira, novembro 18, 2008

Alegria.
Tristeza.
Amor.
Ódio.
Paz.
Guerra.
Dor.
Prazer.
Branco.
Negro.
Dar.
Receber.
Perdoar.
Ser perdoado.
Lágrimas.
Sorrisos.
Vida.
Morte.
Nascer.
Renascer.
Grande.
Pequeno.
Rapidez.
Lentidão.
Negação.
Afirmação.
Claro.
Escuro.
Força.
Fraqueza.

De tudo isso esqueço...
Em frente ao mar...Desapareço!!!

domingo, novembro 16, 2008

Ah!!! o Mar e o Céu...


Havia nele uma necessidade constante de ver o Mar e o Céu.
Fazia questão de visitá-los no mínimo uma vez ao mês, não sei, se por paixão a eles, ou se por eles remeterem a alguém.
Acredito que a segunda opção seja a mais provável...
Não se importava de fazer isso sozinho. O êxtase era incomum.
Ficava ali, a admirar, os vários tons azuis, contrastando com a areia fina iluminada pela luz do sol.
Perdia-se por entre os seus devaneios à beira-mar: sonhava ali com o amor.
Ah... O Amor, este cruel, que ousa em não entrar.
Idealista convicto, fazia do Mar e do Céu prosa e poesia.
Questionava o por quê de duas coisas tão distintas se completarem tão bem.
Mas de uma coisa ele tinha certeza:a imensidão contida em ambos o atraia.
Fazia deles seu reflexo.
Quem ousa explorá-los, sem cuidado, é capaz de perder-se.
Assim era também com ele.
Infinito na sua finitude, como o Mar e o Céu.
Ah... O Mar e O Céu!!!

sexta-feira, novembro 14, 2008

Questão de gosto...

...eu sei que não se discute. Mas, essa preciso compartilhar!
Estava eu vindo pra Japoatã, pego aquele velho busão.
No ônibus, procuro o primeiro assento que encontro. Ajeito-me, e tento descançar.
Impossível. De repente começo prestar atenção na conversa do casal que sentavam na poltrona atrás da minha:
A mulher diz: " Aff, esses homi toca umas músicas doida, né?"
Tocava Zé Ramalho, o som nem tava tão ruim.
Mas como o som coletivo desagradou a jovem senhora de gosto duvidoso que sentava atrás de mim, ela resolve seu problema.
Não são os incomodados que se mudão? No caso dela, muda a música.
Algo do tipo: ARROCHA, sabe? Aquela aberração da musicalidade brasileira, conhece? Não? Nao perde nada.
Pronto, foi o fim, uma poluição sonora absurda.
Como não podia escolher entre ouvir Zé Ramalho (era menos pior) e aquela música onde os interpretes cantam com o quadril, optei por tentar dormir...
É cada coisa que me aparece.

terça-feira, novembro 11, 2008

Eu quero é paz





Sabe quando você acha que as coisas não estão no lugar certo?
Que o mundo se encontra de ponta cabeça?
Então.
Nessa hora a gente inverte o papel.
Por que não desafiar a gravidade?
Viver é isso!`
Ultrapassar limites, vencer barreiras, destruir obstáculos.
E acima de qualquer coisa.
Auto-conhecimento.
Vamos, Criatura! Aventure-se, corra o risco que a vida é isso.

sábado, novembro 08, 2008

Mestre

Ela estava ali, quieta, fazia a leitura de algo em uma concentração quase que meditacional. Ficava ao centro, na frente, sozinha, absorta em seu mundo.
Ali, rodeada de óculos pendentes da platéia acadêmica, exercia o seu ofício. Ensinava, não apenas para preencher o cabedal de seus pupilos, mas também dava lições de vida.
O sinal da sua presença, não física, pois estava ali, mas sua presença mental, eram as rugas que apareciam na testa vez ou outra, não sei precisar ao certo, se de espanto ou de admiração pelo que lia.
Porém ela não imaginava o quanto aquelas expressões faciais causavam medo em seus pupilos. O seu olhar imponente por entre os óculos postos na ponta da narina amedrontava aqueles que não a conheciam. Tinha um jeito singular de ajeitar as madeixas, passando os dedos pelas mechas frontais passando pelo centro da cabeça, dando um leve balançar, como se coçasse, na nuca.
Essa sua altivez dividia a turma em dois polos: os que a amavam e os que a odiavam.
Fazia o tipo que jamais conseguiria a unanimidade.
Apesar disso tudo, parecia faltar algo na essência dessa criatura. Tão doce, tão amarga. Representava uma verdadeira oscilação de emoções.
Seria a falta de um amor? Ou seria a presença de um amor não correspondido.
Não sei, a única coisa que posso informar é que ela fazia do lecionar sua vida. Não sei se por prazer, ou se por carência.
E assim vivia, entre o silêncio dos olhares aprendizes e as vozes dos amigos mestres.

quarta-feira, outubro 29, 2008

Carta ao medo

Oi medo,
Por incrível que possa parecer, resolvi escrever pra ti.
Mas por que será?
Então, digamos que cansei de ser incomodado por você.
É, muito inconveniente sua presença. Chega sem avisar, sem ser esperado.
Aff, Isso cansa sabia? Ah, não sabia? Pois fique sabendo agora.
Cansei de palpitações em hora indesejadas, suor frio, respiração ofegante.
Insegurança.
Tudo isso é culpa sua, pode ter certeza. Não quero isso para mim, não quero mesmo, e nem pense em me perturbar que não estou nem um pouco disposto a aceitar seus insultos. Ora bolas, se toca cara! Não to a fim, será que é tão difícil entender isso?
Creio que não seja.
Quase sempre você me importuna:
Quando vou deitar e apago a luz, você faz questão de dizer: Oi, tô por aqui...
Sim, quem te convidou mesmo? Eu não fui.
Se vou fazer prova e não estudei tanto, lá está você.
Apresentar seminário? Nem se fala, te vejo em cada olhar dos espectadores.
Paquerar? Essa é a pior hora que você aparece.
Seu FI-LHA-DA-PU-TA. Não ja te falei pra se tocar?
É, mas venhamos e convenhamos, que às vezes tu me livras de algumas situações não muito boas...
Mas são excessões do seu excesso.
Ah.
Você faz questão de me deixar inseguro:
Na hora de ser aceito, na hora de conversar, na hora de encontrar emprego...
Cara, se toca, por favor.
Não quero nem preciso de você perto de mim.
Acredito que não necessites de despedidas, eu nao teria coragem de te abraçar.
É, agora sinta na pele o seu próprio veneno.
Para terminar só te peço uma coisa:

Durma, medo meu!Durma, medo meu!

terça-feira, outubro 28, 2008

e eu? eu chorei, sim, chorei...


Depois de algum tempo de alegria constante, um vazio tomou conta do meu âmago.
Não aconteceu nada, será que é esse o problema? Nada acontecer.
Agora não sei responder esta pergunta. Apenas sei, que as cores de viver do jeito que eu gosto foram borradas esses dias, e a tela da vida, da minha vida, talvez tenha agora uma mancha negra, sem nenhum motivo aparente, pelo menos eu tento encontrá-lo, mas não consigo enxergá-lo. Talvez ele nem exista.
E se existir? O que é? Ah, eu também quero e preciso saber...
Afinal de contas o dono da tal falta de algo, pra não dizer vazio absolutamente; sou eu.

Então, não sei o que anda acontecendo, apenas sei que está acontecendo.
Minha serenidade anda meio que abalada, tenho alguns pesadelos, não consigo dormir direito.
Ai... Está uma verdadeira tortura essa falta de algo dentro de mim. Mas não preencherei estas nobres linhas com minha angústia, não posso comprometer a saúde mental do próximo, basta que a minha seja
afetada, creio que esteja de bom tamanho.
Tento, mas não consigo, preciso falar do que me angustia. Sei, você não tem nada a ver com isso, eu de certa forma tenho, não que eu queira, mas a falta do algo se fez presente durante toda a semana que se passou.
É por isso que escrevo essas linhas, talvez desconexas, mas preciso me encher de algo. Então, encho me de palavras, escrevo, faço da minha vida, VIDA.
Falando em vida, nesses últimos dias, os mesmos da tal falta de algo, eu chorei, como nunca tinha chorado antes. Só agora não consigo destinguir, se era de alegria ou de tristeza.
Não sei, sei que fez-se o pranto.
E eu? Eu chorei, sim, eu chorei, feito criança desmamada.
Talvez minha alma precisasse ser lavada.

domingo, outubro 26, 2008

Talvez o silêncio, este que silencia agora;
Seja o grito de socorro;
da voz que cala outrora.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Ensaio Sobre a Cegueira



"Por que foi que
cegamos?
Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a
razão.
Queres que te diga 0 que penso.
Diz.
Penso que não cegamos,penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos
que, vendo, não vêem." (Ensaio Sobre a Cegueira, Saramago)


Será que estamos vivendo uma cegueira coletiva?
Bem provável, os valores humanos estão cada vez mais mudados.
Os arquétipos, o materialismo, o dinheiro, será que alguém ainda se preocupa com o que você é?
Questionamento difícil, seria mais fácil dizer que se preocupam com o que você tem, o que você veste, os lugares que você frequenta, o status que você pode oferecer.
Estamos sem referencial, sem referencial de vida.
Talvez a época de individualistas coletivos. Estamos conectados um ao outro, mas cada um em sua casa.
Confiar? Palavra extinta.

Esses foram alguns dos questionamentos que vieram a mente após assistir o filme.

P.S. Muito bom, Indico

sexta-feira, outubro 17, 2008

Mawaca - mistura étinica e som único


Há uns três anos conheci o grupo Mawaca através de um amigo. Um som diferente do habitual, uma mistura bem interessante. Não sabia que o grupo era brasileiro.
Formado por sete mulheres e sete instrumentistas paulistanos, trazem a música étnica de diversos povos.
Cantam em dez línguas diferentes.
Sobre a origem do nome o site do grupo informa: " O som (mauaka) retoma significados semelhantes em diferentes línguas. O termo mawaca para a etnia hausa(norte da Nigéria), designa os músicos que recorrem ao poder mágico da palavra cantada para atrair a força dos espíritos. O mesmo termo, na língua japonesa, pode ser interpretado como canto sagrado,canto em harmaonia, a porta para a criação da arte de fazer poemas (waca era um tipo de poema da Era Meiji, cantado em coro), para os índios do Mehinaco do Xingu, waká são os mensageiros entre as aldeias. Umawak'a é um lugar sagrado das águas andinas. Amahuaca é o nome de uma comunidade indígena que vive nas margens do Orinoco e praticava a antropofagia. Nós nos demos o nome Mawaca desejando que todos esses sentimentos inspirem nossa música."
Mawaca, sem sombras de dúvidas é um som antropofágico, no sentido de absorver a musicalidade de distintas culturas, e trazer uma identidade única. Trazendo das diversas etnias suas peculariedades aproximando da musicalidade nacional.
"O Mawaca não respeita fronteiras. Faz um show de transculturalismo"- afirma o Jornalista Elvis César Bonassa - Folha Ilustrada de São Paulo, após a primeira apresentação oficial do grupo.
Além de ser um gostoso som de se ouvir, Mawaca é um bonde para um verdadeiro passeio antropológico e cultural.

Fica a dica.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Andando por aí




De religião posso falar com propriedade.
Deve está pensando: " Que prepotência desse menino!"
Mas digamos que eu tenha experiência de causa: como brasileiro, nasci em uma família tipicamente católica, mas nunca fui muito fã do ritual não, mesmo assim, fui batizado, fiz primeira eucaristia, e o tal do crisma (mas foi válido, pois amo meu padrinho).
Passada a fase do catolicismo enveredo pelos caminhos do espiritismo. Tentei desenvolver minha mediunidade, mas não estava preparado para tal responsabilidade espiritual. Encantava-me com as reuniões, a atmosfera espiritual.
Enfim, entrei em crise existencial e passei acreditar que isso tudo era coisa do diabo. Entrei para o evangelho. Cultos, louvores, adoração, show gospel. Percebi que também não era minha praia.
Comecei estudar Cabalah, mas não conseguia entender o porquê de Deus ter SETE nomes.
Decidi então, me afastar um pouco de doutrinas ou algo do tipo.
Foi quando conheci a Yoga, fiz um mês de aula na Universidade Federal, achava legal fazer os âsanas(poses). Mas devido a distância, larguei. Como nada é por acaso, percebi esses dias, que na época não tinha maturidade o suficiente para entender as práticas.
Ontem andei pensando o quanto andei disvirtuando minha essência, foi quando abro meu armário para procurar algo livro para ler.
Comecei ler Auto perfeição com Hatha Yoga.
Agora entendo o porquê de em meus textos, em meus exemplos, em meus personagens, em meus gostos, em mim, existir sempre uma luta entre os dois pólos existentes no universo.
Há duas forças, correntes, energias, ou como você prefira falar,que é presente na natureza.
E através da Yoga, tentamos e conseguimos equilibrar essas duas esferas de um todo.
Digamos que hoje, estou em busca do equilíbrio, da cosciência de saber quem sou e o que realmente quero.

terça-feira, outubro 14, 2008

As pessoas nos vêem como nós nos vemos


É impressionante como algumas vezes (quase sempre nos deixamos abalar pela maldade alheia).
Cansei de absorver pensamento não tão bons a respeito de minha pessoa.
Depois de algumas conversas com várias pessoas, cheguei a uma conclusão, nossos sentimentos devem ser de dentro para fora, e não de fora para dentro.
Pois é...
Cansei, as pessoas nos vêem como nós nos vemos. Engraçado, agora me lembro do tempo que eu me sentia o patinho feio... rs
Ninguém nem olha para nós.
Mas nada que um bom diálogo com o espelho não resolva.
Digamos que eu esteja na fase do leão...
E percebo que as pessoas me percebem também!




P.S Ouvindo o CD Vida do Pe. Fábio de Melo (muito bom, indico)

domingo, outubro 12, 2008

Para cu doce...

Ah... Tipo clássico: você conhece, fica, troca número de telefone, MSN, orkut, endereço de casa, nome do pai, da mãe, do piriquito, do papagaio, e o diabo à quatro.
E as conversas se prolongam, se prolongam...
Você se envolve, a pessoa te ilude, diz que ta a fim, porém, faz aqueeeeeeeeeeeele doce...
Ai você, com toda paciência do mundo tenta explicar que suas intençoes não são sexuais.
Mas a criatura insiste em fazer o famoso "cu doce".
Então para isso encotrei a solução...

Doce é bom, mas demais enjoa, não é?

sábado, outubro 11, 2008

Vai entender, não é?


Sempre que converso com minhas amigas sobre sexo elas me falam que são taradas por bundas de homens...
Ai meu Deus, sempre faço as mesmas perguntas: "Vocês pegam lá? Na bunda?"
Raramente ouvi alguém dizer que sim.
Não sei o porquê desse tabu todo, afinal, quando se fala em sexualidade, TUDO é possível, né?
Ah, em pleno século XXI vocês, garotinhas, ficar com vergonha de dar uma apalpadinha? Ah, isso não existe.
Creio eu, que o mito está em elas se preocuparem com a sexualidade dele: se ele gostar? ele é gay?
Ah, minha gente, faz-me rir.
Em épocas de crossdress, de heteroflexíveis, se preocupar com uma apalpadinha?
Afinal, quanto custa tentar?
O máximo que pode acontecer é ele tirar sua mão da região traseira.
Na dúvida: TENTE
Cansei de ouvir tanto não...

quinta-feira, outubro 09, 2008

Aonde chegaremos?


É, estamos em uma época das coleções, colecionamos amigos no orkut, colecionamos amigos no msn, colecionamos pessoas.
Só hoje me dei conta do quanto os sites de relacionamento estão influenciando nossas vidas. Nós não tiramos mais fotografias, tiramos fotografias para postar no ORKUT, no MYSPACE, ou qualquer outro site de sua preferencia.
Os sites agora servem de vitrine para exposição de quem somos.
Há quem diga que a internet é um meio de criar fantasias. Ou seja, talvez o orkut seja o maior exemplo de propaganda enganosa...
Nossa! São as melhores fotos, os melhores perfis, as melhores comunidades. Tudo isso para parecer alguém que você não é!
Ou seja, PA-DRO-NI-ZA-ÇÃO.
Triste realidade, estamos vivendo para outrem.
E o pior, expomos o que, vale questionar,será que somos mesmo o que expomos?
Eu não sei.
Isso me leva a crer, que esta cada vez mais provado, estamos em uma época de coisificação das pessoas. É doloroso, mas o brilho no olho perde o seu valor significamente nesse processo.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Aos amigos que não estão tão perto

"Algumas pessoas procuram os padres; outras a poesia; eu os meus amigos." Virginia Woolf



zeh soares diz:
sem mentira
zeh soares diz:
tu sabe mais coisas de mim q muita gente
zeh soares diz:
talvez tu seja a pessoa a quem mais eu me mostro...
zeh soares diz:
sem medo de ser julgado, ou coisa do tipo...
Marcelo diz:
fico muito lisongeado
zeh soares diz:

domingo, outubro 05, 2008

Joguinhos psicológicos II


Ele- Você quer?
Eu- O quê?
Ele- Aquilo...
Eu- Aquilo o quê?
Ele-Ah... aquilo...
Eu- Pára, diz logo...
Ele- Tonto.
Eu- Tonto é você.
Ele- Certeza que eu sou tonto?
Eu- Ai ai ai...
Ele- É, bobo, você me deixa tonto. Você me embebece.
Eu- Pára, bebê, sabe que eu sou tímido.
Ele- Ah, mas eu gosto dessa tua carinha vermelhinha, e desse teu sorriso sonso, meu guri.
Eu- Ai ai ai(risinhos orgásmicos)
ELe- Gosto quando tenta fugir...
Eu- Talvez eu queira...
Ele- O que você quer?
Eu- Aquilo (olhar meio assim de lado, sabe?)
Ele- Ah, então vem cá...
Eu- Olha que eu vou!
Ele- Vem! Pra já e sem demora.
Eu- Não chama duas vezes...
Ele- Venha um, venha dois, venha três... Pronto, não chamei duas vezes, chamei três...
Eu- Pronto, eu me rendo.

Beijos, beijos, mais beijos, mais beijos e mais beijos, tira roupa, cama, coisinhas, chocolate e coca-cola.

sábado, outubro 04, 2008

Participação X Responsabilidade

É, hoje lá me vou para mais uma viagem, destino: terrinha querida.
Chego ao terminal rodoviário às 10h da manhã, Porém, para minha surpresa o horário do ônibus que teria vaga seria às 13h.
Fico com a cara para cima sem ter o que fazer.
Depois é que lembrei da tal da eleição. E todos interioranos, como eu, fazem questão de votar em seu colégio eleitoral.
Mas, como bom estudante de jornalismo e crítico, um questionamento me veio a mente: Será que todos são cientes das suas escolhas?!
Não sei.
Mas tenho certeza de uma coisa: As empresas de transporte agradecem à Justiça Eleitoral.
Porque tinha era gente que nao acabava mais...

terça-feira, setembro 23, 2008

Sobre ser alguém...

Há uma necessidade imensa de nos mostrarmos às pessoas como seres bons.
Mas, até onde isso é verdade?
Será que somos sempre bonzinhos, vale a pena refletir.
A vida esse emaranhado de anos, o ano, esse conjunto de meses, o mes esse elance de dias, o dia, esse elo de horas. O corpo, esse emaranhado de sensações. A mente, essa contradição da humanidade.
Mas o que é ser alguém? Será que somos verdadeiramente autênticos? Não somos influenciados pela opnião, pela interferencia de outrem?
É, realmente, muito díficil.
Eu?
Eu sou o resultado da briga entre o lobo e o cordeiro que brigam no meu âmago.
Sou o (des)equilíbrio dessas duas forças!!!

segunda-feira, setembro 22, 2008

A Primavera


Amanhã a Primavera chega.
As cores se farão presente com sua alegria.
Os perfumes serão muitos.
A beleza, ah a beleza, essa será refletida por onde ela passar.
Flores, pássaros, alegria.
Não tenho dúvida que a primavera é minha preferida.
Cores, sabores e aromas.
E que seja bem-vinda,Primavera!!

sexta-feira, agosto 15, 2008

Felicidade



Ôba, 'é tão bom não ser divino'
A existência que faz ser vivente, está cada vez mais colorida,
A cada cor, um novo sabor.
Para cada doçura, uma gostosura.
Felicidade, na feliz idade.
Idade dos desejos realizados
Das aventuras,
Felicidade de ser humano, de não ser divino.
De pertencer ao aqui, e ao agora.
Sem imediatismo, mas vivendo.


'Encher-me de humanidade me fascina'

Sorria, plante alegria!

Idealismo



Em um futuro certo, ou incerto,
dois pinguins se encontram...

quarta-feira, julho 30, 2008

Consciência


É, estou crescendo, estou amadurecendo.
Mais uma fase do ciclo se fecha, para que outras sejam abertas.
Tenho notado uma serenidade constante na minha essência.
Essa inconstância psciana quase sempre me irrita, mas graças a ela nunca sou o mesmo.
E,não me peça tal proeza, do que adianta ser sempre o mesmo?
A mim, NADA, absolutamente nada.
Vivo, um dia de cada vez e de cada jeito.
Qual seria a graça se todos os dias acontececem as mesmas coisas?
Então, por isso não quero ser o mesmo...
Mudo, mudo constantemente, feito borboleta. Às vezes casulo, outrora larva, do nada beleza.
Em constantes mudanças cresço, e apareço...

terça-feira, julho 22, 2008

Joguinhos psicológicos

Ele: Por que você fica me provocando?
Ela: Eu? -diz mexendo os cachos dos cabelos e cerrando os dentes no lábio inferior.
Ele: Sim, você, não faz essa cara de santa puta não.
Ela: Desses seus adjetivos só não tenho o santa.
Ele: Olha só, será que a máscara cairá?
Ela: Quais máscaras? As que você esconde por traz desse título de mestre? Esconde-se atrás desses óculos...
Ele: Não, não estou falando das minhas, mas das suas.
Ela: Olha, olha, é doce ser assim, não sou puta, nem sou santa.
Ele: Será que não é nem um desses? Duvido que não.
Ela: Seu mestrezinho de merda.
Ele: Não me provoca.
Ela: Provoco sim, seu mes-tre-zi-nho-de-mer-da.
Ele: Só porque se acha emancipada?
Ela: Pois é, meu bem.
Ele: Não me chama de meu bem, não sou bem de ninguém.
Ela: Oh... (diz fitando-o nos olhos, e um sorriso no canto da boca)
Ele: Às vezes você provoca minha ira.
Ela: Só às vezes? Queria que fosse sempre - Solta uma gargalhada.
Ele: Estou perdendo minha paciência. (Coça a cabeça)
Ela: Ai como você é lento!!! Até para perder a paciência...
Ele: O que queres dizer com isso?!
Ela: Está vendo?
Ele: Anda, diz logo.
Ela: Nada não, existem coisas que se dizem em silêncio.
Ele: Não estou compreendendo!
Ela: LENTO. (diz furiosa)
Ele: Seja clara, objetiva.
Ela: Vou te beijar...
Ele: Então beija!

domingo, julho 20, 2008

Maria do Socorro



Chegou em casa exausta, o dia no prostíbulo fora cansativo por demais. Cinco clientes em um só dia significa muita coisa para uma pobre puta iniciante. Significava muito para a exaustão física, mas para a reputação, causava inveja, já que era uma das mais desejosas. Seus traços angelicais foram escondidos, cortaram seus cabelos, e ensinaram-lhe a carregar na maquilagem. Clientes não gostam de putas com cara de filhinhas...
Essa era a rotina de Maria do Socorro, coitada dela, como pode ter um nome desses e não ser capaz de socorrer a própria vida? Acontece, coisas da vida. Recebeu uma nova identidade, desde o dia que entrou no prostíbulo, Sheilla, assim passou a ser chamada, Maria do Socorro morrera em parte.
Era depressivo para Maria do Socorro, deitar-se todo dia com vários homens, sentia-se suja, imunda. Todos os dias, lavava-se no banheiro, e deitava-se no chão do chuveiro em posição fetal, para ela, ali seria seu renascimento, renascia todos os dias, durante 789 dias.
Até que, Maria do Socorro está prestes a ser socorrida, o melhor cliente do bordeu se apaixona por Sheilla.
Mas como poderia, a cafetina odiaria isso, sua melhor puta, ser roubada dela? E seus lucros? Aonde iriam?
O melhor cliente da casa, o Joaquim, um português bem sucedido, mas não era daqueles portugueses, velhos, barrigudos, com um bigode nojento não. Era um homem robusto, olhos claros, com um brilho diferente, seus olhos de nunca mais deixava Maria do Socorro balançada, já que Sheilla não se permitia gostar de alguém, não permitia sentimentalidades.
O Joaquim , passou a visitá-la todos os dias, às 16 horas, cliente fiel, mas o pobre se apaixonara, nunca se deitara com uma dama tão doce e tão fogosa ao mesmo tempo. Estava decidido, queria ela pra ele, e teria. Faria qualquer coisa.
Num dia, que nao sei citar ao certo, numa dessas idas ao encontro de Sheilla, deixou uma carta. O que estaria escrito ali? Sheilla esperou o expediente, se é que podemos chamar expediente e de trabalho uma coisa que marginaliza a humanidade de qualquer ser, e foi embora para casa.
Foi atonita, mas hesitou em abrir o envelope no meio do caminho. Queria apreciar cada palavra escrita para ela. Nunca acontecera isto antes.
Entra correndo, no seu quarto alugado na periferia da cidade,se joga na cama, abre o envelope e tira o papel.
Neste instante suas mãos tremem, seu coração paupita.
Cheirou o papel devotadamente, o cheiro do Joaquim se fazia presente.
Começou a ler: " Minha doce e queria Sheilla, (neste momento ela preferia ser a Maria do Socorro - pensa) foram tantas as vezes que quis tê-la, passei a visitá-la com frequência na esperança de comprar seu amor. Mas isso não se compra, não se vende, apenas sei que você conquistou a mim, não vejo prazer em outra mulher. Quero meus dias ao teu lado.
Daria o que fosse preciso, pra ficar ao teu lado. Joaquim."
Um disfarçada lágrima se faz notar, era a primeira vez que lera aquelas sentimentalidades.




sábado, julho 19, 2008

doçura de ser


Será que é doce ser? Às vezes, a doçura de sermos quem somos amargura a vida de outrem.
Mas o que há de se fazer com as nossas verdades? O que nos importa se não estão preparados para aceitar-nos doce como somos?!
Não sei, mas no fundo nossa doçura intíma desagrada, mas não a nada melhor que o tempo para transformar a amargura em doçura, o repúdio em desejo!
Não tenho pretensão de ser adorado por todos,mas exijo que minha doçura seja respeitada.
E, quando sabemos que os mais próximos sabem da nossa doçura e nos aceitam doces, ficamos raidantes.
As cores ganham sabores. E, as doçuras, transformam-se em gostosuras...

Estava tenso, era a primeira vez que dormira com um homem. Dormir no sentido verdadeiro da palavra, fechar os olhos e entrar em repouso do lado de alguém, aliás, era a primeira vez que dormira com alguém, já que com mulheres nunca dormira também.
Passavam muitas coisas pela sua cabeça, não sei explicar o que se passava, mas seus tabús quebravam-se ali...
Depois de alguns meses de namoro, Breno resolve convidar Pedro para dormir na casa dele, seus pais viajavam nesse dia, a casa estava livre para o amor deles.
Mas a ausência dos seus pais não atiçou desejos lascivos, ao contrário, desejos castos se manifestaram de tal forma, que queriam apenas dormir.
Pedro sai de casa, avisa que dormiria na casa de um amigo da faculdade, essa desculpa sempre funciona.
Enquanto isso, Breno preparava tudo para os dois. Fez brigadeiro de panela, do jeito que o amado gosta, preparou tudo, comprou Margaridas e colocou sobre o criado mudo. Estava ansioso, nunca dormira com o seu Pedrinho. Essa era "a oportunidade".
Tudo pronto, desculpa dadas aos pais, Pedro sai de casa ao encontro do seu princípe.

Chega à casa de Breno, toca a campanhia, e espera, com um sorriso nos lábios, que a porta seja aberta. Breno, abre a porta, e não pensa duas vezes, agarra seu amado, e o arrasta para dentro de casa, como em passo de dança coreografado, pé ante pé, sobem as escadas que dá acesso ao quarto agarrados.
Abrem a porta do quarto juntos. A cama estava arrumada de um jeito todo especial, forrada com lençóis brancos, travesseiros, trazia à tona desejos puros, castos de ambos.
Abraçaram-se de forma afetuosa, se deitaram, e olhando para o teto, conversavam sobre o futuro.

sexta-feira, julho 18, 2008

Aconchego


Thiago chega em casa correndo, o vento balança os cabelos lisos e compridos. Atravessa a sala vai direto para seu quarto. O celular toca.
-Oi - atende com um sorriso largo e olhos cintilantes.
-Sim, sim, claro que vou, não sabe o quanto quero isso.
- No nosso aconchego, não é?
Desliga o celular, cai em gargalhadas em cima da cama, logo em seguida entra no banho.
A cada gota d'água que molhava seu corpo um pensamento bom invadia sua mente: "É hoje, espero há tanto tempo por isso..."
Faz do seu banho um ritual, com os olhos fechados, cabeça para cima, deixa que sua face seja lavada, como se deixasse a máscara ser descorbeta. A cada centímetro explorado pelo sabonete, imaginava o toque da pessoa amada, num êxtase incomum.
Algo muito bom estava por acontecer...
Depois do seu ritual, pega a mochila, põe uma troca de roupa, e sai...
Com os cabelos ao vento, nesse instante, ele sentia-se bem, bem com ele e com o mundo. Nada como um alimento para alma. Mas o que seria esse alimento?
Apenas sei, que ele estava bem, e isso basta.
A dois quarteirões de sua casa tem um parque, era o local do aconchego.
A cada passo dado, em busca do paraíso construído, a vida com o ser amado passava por sua mente: desde o primeiro olhar, na sala da universidade, o primeiro beijo embaixo da árvore adotada, até a primeira transa num dia de verão no quarto dos pais...
Enfim, andava e suspirava... o ar que entrava nas narinas fazia-se feito entorpecente.
Avista a entrada do parque, lá estava Bruno.
Com os braços abertos, enquanto Tiago corre ao seu encontro, Bruno espera o seu menino.
De repente, como se fosse um filme em câmera lenta, seus braços se entrelaçam. "O mundo gira devagar.E ninguém registra a cena."
Braços entrelaçados, saem correndo por entre as árvores, e encotram o ninho, marcado com as iniciais de ambos.
Trocam olhares intensos, palavras amorosas, carinhos afetuosos, e em forma de conchas, fazem das suas partes apenas um. Um aconchego, um aconchego apenas!






Era uma vez, um adolescente gay...

Era uma vez, um adolescente gay...
Lucas, um menino tímido. Sempre foi o melhor aluno da sala. Era o exemplo da turma, as melhores notas, os melhores comentários, essa era a forma que Lucas encontrava de ser aceito. Se destacar...
Mas e aquela história de que prego que se destaca leva martelada? É, provaram pro coitado do Lucas que isso era verdade, uma vez quando ele chega na sala, estava escrito na parede amarela da escola pública onde estudava: LUCAS É VIADO!!! Foi a frase mais dolorida lida em toda sua vida, logo ele que sentia tanto prazer com as palavras?! Por que com ele?
Lucas tentava entender o por quê de zombarem tanto das suas diferenças, mas não encontrava respostas satisfatórias.
Mas uma coisa era fato, tinha a certeza de que iria longe, que não se limitaria feito aquele bando de acéfalos. O mundo te esperava.
Cansado de tanta humilhação, resolve mudar.
A partir de então, tornou-se um menino solitário...
Troca poucas palavras, vive no seu mundo, isolou-se da realidade.
Alimenta sua fantasia lendo horas à fio, até que...
Até que, perde o contato com todos os 'amigos', se é que podemos chamar de amigos esses seres que expõem ao rídiculos a fragilidade humana.
Mais decidido que nunca, sai da cidade, entra na faculdade. O mundo abre novas portas.
Hoje? Como ele vive hoje? Ele não se importa mais, se acham que ele é gay ou não, ele vive, apenas vive e isso é suficiente para ele.
Voltou a ser o melhor aluno da turma, ganhou o apreço e a simpatia dos professores, e quanto a ser discriminado, aprendeu a se defender muito bem.

Auto-retrato

O menino não via
O moço que lhe sorria
e nem olhava
a moça que lhe chorava

E assim vivia,
atenção não prestava
a quem lhe observava.

quinta-feira, julho 17, 2008

Ao meu amigo David Muniz


Um diálogo entre dois amigos...

- Você me empresta sua força?
- Sim, empresto, mas com uma condição...
- Qual?
- Você me empresta sua sensibilidade?!

quarta-feira, julho 16, 2008

" Pra cada braço uma força..."

" Pra cada braço uma força..."

Pois é, eu bem sei o que isso quer dizer, para cada braço uma força, a força do peso de ser autêntico...
O peso de ser diferente...
O peso de fugir da padronização...
O peso de ser incomum...
O peso de fugir da maioria...
O peso de pertencer a minoria...
O peso do medo de não ser aceito...
O peso dos olhares tortos...
O peso da discriminção...
Mas, posso com a força que tenho, e não tem nada melhor que sustente tudo isso que o amor próprio, e esse, em mim, é incondicional.

quinta-feira, junho 26, 2008

Carta ao meu reflexo





Oi meu lindo,

Estava hoje pensando, eu tenho te deixado de lado. Nunca mais te fitei nos olhos, como sempre faço.
É, talvez seja a sinceridade que você expõe faça com que eu nao queira saber. Mas, você deve está se perguntando: por que nao tenho te visto. E ,eu na cara de pau, respondo: tu me trazes a memória muita coisa, e talvez eu não queira saber. Aí é que se encontra o pior, a gente não querer enxergar o que está em nossa frente, só agora eu reconheço isso.
Você é a extensão do meu ser que mais me faz refletir. A você confesso minhas ânsias, minhas alegrias, minhas tristezas, e você sempre me entende.
O ouvinte assíduo dos meus monólogos, das minhas crises - e essas são muitas, você sabe muito bem. Contigo compartilho meus pecados intímos...
Tu és a parte fria da minha essência. Nunca foge da minha presença. Talvez sejas, o mais conhecedor e ao mesmo tempo o que mais descobre.
Cada vez que te encaro é uma surpresa. Acredito que me ache complicado.
Mas também não posso esquecer que és a criatura que mais me levanta a estima, me mostra os pontos físicos forte, quando caio na crise do "Patinho feio", é, é você sim, quem me sorrir e mostra o sorriso largo de menino, o sorriso espontâneo, é, é você quem mostra a boca rosadinha que tanto gosta.
Ah! Não posso esquecer das caras safadas que você me ensina a fazer, enquanto caímos na gargalhada, a sua porém abafada pela frieza da superfície que te esconde.
Você me ensina tanta coisa...
Eu me (re)conheço através de ti, extensão de mim.
São tantas coisas compartilhadas, sim, são...
Lembra de quantas vezes você me olha nos olhos e diz: "Levanta-te, por tras desse corpo franzino, se esconde muita coisa boa, que você nem sempre se permite mostrar, caixinha de surpresas. Não posso esquecer, das vezes que me corrige: "Não, não é assim, vai com calma. Todos erram, você também erra, e como erra, não é?"
Eu guardo tudo isso que me dizes, nao sabes o quanto te venero, Extensão de mim.
Olha, por hoje é só.
Estou criando coragem para te encarar, reflexo meu.
Abração da sua imagem real, que se projeta na sua virtualidade para o autoconhecimento.
Amo-te, tanto quanto a mim!

quarta-feira, junho 25, 2008

Nata


Tinha 15 anos quando saiu de casa. Levou consigo apenas a roupa do couro.Foi-se embora, ou melhor, em boa hora, afinal; a famíla rica falira de vez. Então decidiu construir um futuro novo, sozinha.
Muita coragem, uma guria de 15 anos apenas.
Assim fez Renata, saiu de casa com a cara, a vergonha e a coragem.
Era filha única, rebelde sem causa aparente, não precisa de causa maior que um pai alcoolatra e uma mãe suicida(tentou se matar 7 vezes, 7 porque é o número da perfeição), todas em vão, seria menos uma louca no mundo.
Renata tava cansada das festinhas, dos novos ricos, aquilo nao lhe pertencia, ela queria o vento da liberdade em sua face, mas a vida social não lhe permitia, sendo assim, numa manhã ensolarada de sábado, pegou alguns biscoitos e enrolou num guardanapo, roubou algumas jóias da família, e foi-se, foi-se(sim, a sonoridade é proposital) como se corta o cordão que segura a pipa, ela partiu.
Partiu sem desitino certo, com a cara, a vergonha e a coragem, a cara lavada dos poderes adquiridos, a vergonha dos amores proibidos, e a coragem dos amores bandidos.
Passou algum tempo viajando de carona, coragem, coragem mesmo. Até que chegou num vilarejo com pouco mais de 2mil habitantes.
Comprou um casebre com as jóias, confecciona roupas de tecido natural, vive de pão e águas, e vê as horas se passarem na janela, esperando seu princípe burguês, seu hóspede, chegar.

terça-feira, junho 24, 2008

Lua nua



Na noite fria
A nua lua
em mim cria,
melancolia.

sábado, junho 21, 2008

Ensaio sobre a morte


Será que somos gerados para a morte?
Uma primeiras coisas que recordo das aulas de ciência é o ciclo de vida, de um ser vivo: Nasce, cresce, se reproduz, envelhece e morre.
Mas, nem todos têm a mesma sorte de envelhecer, morrem jovens.
Já dizia o poeta, os bons se vão cedo. Mas por quê? Teria esse ser feito tudo, tudo mesmo, aqui na Terra? Ou seria Deus que necessita dele?
São perguntas sem respostas lógicas, somos obrigados a nos conformar com a nossa finitude, nascemos para morrer.
Porém, nunca estamos preparado para a morte, ela vem sorrateira, e no susto acaba com a vida de alguém, deixando aqui os que o amam, sem consolo.
Enquanto choramos,lembramos, as flores se fazem presente, enfeitando o fim da vida.
Morrer é do homem, mas não sou obrigado a aceitá-la de braços abertos.






LUTO
Hélio Siqueira Guimarães
*18 de agosto de 1988
#19 de junho de 2008.



quarta-feira, junho 18, 2008

Fluxo

Preciso revelar o que se esconde por trás do meu pensamento, preciso escarrar o que me sufoca, o que me angustia, não sei o por quê de eu estar tristonho hoje, o que é fato é que a tristeza me afetou.
Nada me satisfez hoje, nem preparar o almoço (que tanto gosto).
Não sei o que é, talvez eu esteja crescendo, amadurecendo, perdendo algumas ilusões para adquirir outras.
Então, preciso esvaziar-me de mim, por isso escrevo agora, escrevo porque esse instante existe, e ele quem me faz pensar. E não apenas penso, mas também revelo o que estou pensando nessas palavras não muito coerentes, talvez pareça desconexo para você isto que lê agora, mas não quero escrever o que seja passível de ser entendido, quero transcender...
Nesse fluxo de pensamentos soltos transpostos em palavras alivio minh'alma, não é apenas um exercício da escrita, mas para mim é também um exercício de auto-conhecimento.
Escrever me permite conhecer além do que eu acho que eu sou, traz à tona o que finjo ser e o que eu gostaria de ser também.
Continuamente escrevo, na necessidade da busca incessante de aliviar o que me angustia.
Não sei o que me angustia, talvez o excesso de horas solitárias estejam afetando meu humor, que por sinal, esta ocilando muito.
Mas, não culpo a tristeza por nada não, aliás agraço sempre. Ela nunca vem sozinha, junto com ela vem a maturidade me dizendo que eu cresci, que as coisas mudaram, e mudarão ainda mais.
Aliviado, paro por aqui!

quinta-feira, junho 12, 2008

Carta à pessoa amada que ainda não chegou




Olá.

Meu bem, hoje é dia dos namorados! Por onde você anda que ainda não chegou?
Queria preparar aquela comidinha que você adora. Te encher de cafuné. Mas você insiste em não entrar na minha vida.
Não comprei o seu presente por que eu ainda não sei o numero que você veste, nem o número que você calça. Pensei em comprar um par de tênis,algo me diz que você gosta de esportes. Mas não sei se ficaria bem, pensei também em comprar um perfume, mas já me disseram que não se dá perfume a quem se namora, pois o relacionamento dura o tempo de uso do perfume. Então, prefiro não arriscar. Já que você nem chegou ainda, como irei limitar a nossa relação que não começou ainda?!
Sinto falta de você mesmo sem te conhecer ainda. Sabe àquelas horas que você deveria estar ao meu lado? Apoiando-me, dando força. É nessas horas, que você mais me faz falta.
Às vezes acredito que coseguirei viver sem você, mas acho que serei sempre dependente da tua presença. Por diversas vezes pensei em te procurar, andando pelos bares da cidade, pelos cinemas, pelos shoppings, em sites de relacionamentos. Tentei algumas vezes, todas frustradas.
Até que encontrei algumas pessoas, mas nenhuma delas era você!
Em nenhuma delas eu vi o brilho no ombro direito - me disseram uma vez que quando a gente encontra nossa outra metade vê um brilho no ombro direito, não acredito muito nisso não. Mas nunca se sabe, por via das dúvidas eu olho, vai que eu vejo o tal brilho?
Apenas sei, que sinto uma falta tremenda de ti, quero os seus afagos.
Às vezes acho que algum amigo em comum irá nos apresentar, às vezes acho que vou te encontrar na rua, sei lá; são tantas possibilidades.
Espero-te faz um tempinho, mas tomei uma atitude esses dias, não vou correr atrás de você não, você que dê um jeito de entrar em minha vida, se vire, fale comigo na fila do cinema, no ônibus, seja lá como for, peça meu email aos meus amigos, se vira, mas trate de entrar logo e sem demora, pois já perdeu o presente do dias do namorados.
Às vezes perco a paciência com você, dá um ódio.
Só porque você sabe que eu gosto de dormir abraçado fica fugindo de mim, mas não se preocupe não, meu bem. Quando chegares, recuperarei todo tempo que fiquei a te esperar.
Meu anjo, quando você chegar, prometo fazer todas as guloseimas que sei que você devora em segundos, prometo também te oferecer o melhor cafuné, ah! como esquecer?!tenho bons dotes culinários!
Ficaremos gordinhos de tanto brigadeiro de panela que farei.
Trocaremos cartas, cartões, e faremos vários passeios àquele lugarzinho mágico,que ainda não sei aonde é, mas tenho certeza que faremos.
Eu tenho pensado muito em ti ultimamente, aliás, sempre. Pensando em como será o apelido carinhoso que colocarei em você, enfim, são tantas coisas.Pacientemente espero-te.
Por hoje é só, meu anjo.
Fica bem, e trate de entrar logo em minha vida.
Abraçãozãozão do seu menino(é assim que você me chamará).




domingo, junho 08, 2008

ontem

Ontem as paredes do meu quarto estavam mais frias do que sempre, nao suportava ficar mais um segundo sequer.
Estava decidido, queria ver o mar...
Sai de casa sozinho, com a certeza que continuaria sozinho.
O mar estava lindo contrastando com o azul celestial, e enquanto andei quilômetros à beira mar minha vida passa feito um filme em câmera lenta nas ondas do oceano, lembranças, saudade dos velhos amigos.
E um grande questionamento sondava minha mente:"Por que eu estava sozinho andando na praia?", até o instante presente não encontrei nenhuma resposta satisfatória para a minha pergunta, apenas sei que fui ver o mar sozinho, e para variar o Solitário Sol estava lá, lindo, brilhando, mas dessa vez parecia um brilho especial, sentia como se seus raios estivesse me seguindo e emanando toda uma energia positiva para mim.
Andei por mais de uma hora, e a infinitude da beleza marinha me fazia pensar o quanto limitados somos, o quão pequeno somos diante da vastidão do universo.
A cada passo dado uma passagem da minha vida se passava por entre as ondas, e a vontade de andar mais permanecia,
Andei, andei e por incrível que pareça a sensação de cansaço não existia.
De todos os encontros que tive com o mar, esse foi especial, não sei o por quê, e tive uma certeza,
apesar de solitário fisicamente, não estava sozinho espiritualmente.
E cheguei a uma conclusão, ser feliz não é ter alguém olhando para mim o tempo todo, mas sim perceber que no mesmo instante, todos olhavam a mesma direção.
Por fim, banhei-me nas suas águas, feito criança que nunca o viu. Corri e por um instante esqueci que era observado, lavei não só o corpo físico, mas LAVEI A ALMA.
O que há de se fazer com a verdade de que o Mar me excita?!

terça-feira, junho 03, 2008

Comemoração

Fizemos dois anos de namoro ontem, a paixão tomava conta de mim e de Marília, seus olhos brilharam quando a pedi em noivado na mesa do nosso restaurante preferido, comíamos sambolarico, o prato do primeiro encontro.
Enquanto Marília trazia nosso sabor predileto à minha boca seu perfume exalava, até que o estúpido do garçom tropeça e derrama vinho no vestido de tafetá que minha amada usava, um drástico incidente quase pusera a noite a perder. Se não fosse um senhor que estava ao centro do restaurante teria sido pior, ele segurou uma das bandejas do garço impedindo que caisse um prato sobre ela.
Saímos, fomos para casa, Marília tomou seu banho, vestiu a lingerie que mais gosto, olhou nos meus olhos e começamos nosso jeito complexo de amar.

espera

As horas passavam progressivamente enquanto minha ansiedade se fazia presente, róia todas as unhas possiveis à espera do meu bem. Olhava a todo instante para a maçaneta da porta do apartamento na esperança de que meu anjo entrasse e dissesse com os olhos sorridentes:
"Trouxe os doces que devora"
Despertei com um pingo na testa enquanto o frio me fazia tremer no sofá da sala, esperei por horas, e nada da minha vida aparecer, me trazendo sua alegria.
De súbito, meus devaneios são interrompidos com o barulho da chave na fechadura.
Levantei do sofá num pulo só.
Enfim, chegara. Vinha me dizendo que eu sempre estava errado. Me beijou, era a ultima vez que fizera isto.

domingo, maio 25, 2008

Célula

Hoje tive uma sensação estranha, pareceu que tinha perdido uma parte de mim.
Depois do efeito alucinogéno do álcool, acabei pedindo a alguém para guardar meu bichinho.
Só teve um problema: eu não lembrei a quem eu o dei!.
Quando acordei percebi que ele não estava do meu lado, levantei da cama desesperado, revirei todos os lençóis, levantei o colchão, olhei embaixo da cama e nada dele. Foi horrível, uma sensação de perda tremenda.
O carinho que eu nutria por ele se revelara de uma forma que fui surpreendido, nem pensei duas vezes, tomei um banho rápido, e fui a casa de uma amiga:
"-Flor você ficou com meu bichinho?!"
"-Não."
Eu jurava que alguém o tinha escondido para me deixar maluco, todos os meus amigos sabem o quanto eu gosto do meu pedacinho de mim.
Fui a casa de um, a casa de outro e nada.
E numa manhã ensolarada de domingo, eu triste.
Falei para todos o quanto o amava e que por descuido de um prazer que não costumo ter o deixei se perder de mim...
Uma parte de mim se perdera.
Já com minhas esperanças cessadas, fiz a última tentativa.
Fui a casa do meu amigo.
"Kieds, você viu meu bichinho?!"
Ele sorriu, pegou meu pedacinho de mim e me devolveu.
Meus olhos brilharam quando eu o vi, tava mais lindo do que nunca.
Meu celular, minha célula preferida!

sábado, maio 24, 2008

Amelie III

Amelie ficou três dias e três noites desacordada.
Durante esse tempo ela fez uma viagem sob comando do seu (in)consciente, algumas imagens confusas se formaram em sua mente:
Um dia de sábado, sua mãe sai de casa e a deixa acompanhada do padrasto alcolátra.
Amelie não sabia o que o destino reservava para ela, uma jovem menina de doze anos, muito jovem, nem peitinho tinha direito.
Amelie brincava com Rebeca(sua boneca de pano) em seu quarto, quando de repente aquele homem asqueroso, entra com seu cheiro de pinga barata, e a toma em seus braços e joga na cama,
invande o seu sexo sem nenhum pudor, os lençóis da sua cama são lavados pelo sangue puro de uma menina virginal. Amelie chorava compulsivamente, tentando conter as lágrimas com as mãos postas feito duas conchas.
Quando sua mãe chegou Amelie estava no canto do quarto agachada, com os joelhos dobrados e as mãos prendendo-os, sua mãe ficou confusa. Perguntou o que tinha acontecido, Amelie apenas mostrou os lençóis sujos.
Num gesto desesperado, sua mãe vai à cozinha, pega a peixeira, e num golpe único, rompe o fio da vida do desgraçado do marido que dormia no chão da sala.
Desde então Amelie, passou a não sorrir, as pessoas ao seu redor nao lhe causavam interesse.
Vivi a par do mundo.
O tempo foi passando e Amelie crescendo, porém sentia nojo de homens.
Com a morte da mãe, teve câncer no colo do últero, aos 40 anos, Amelie passou a morar numa cubículo alugado, paga as contas com a pensão que o pai biológico deixou.
Ela queria encontrar um jeito de se vingar, a única forma que achou foi seduzí-los e nunca levá-los para a cama.
Usa adornos lascivos, mas nunca se deita com ninguém.
Com uns pingos caindo na testa ferida, Amelie disperta, levanta, põe a mão por um instante na cabeça dolorida.
Vai em direção à parede ajeita o retrato da mãe e do pai, vai ao banheiro, toma seu banho,
joga sobre si seu vestido de tafetá, e ...



balões 'multicoloridos'

Hoje senti uma saudade enorme do tempo em que queria voar pendurado com balões, saudade da infância, da inocência.
O tempo passa, os valores mudam, as esperanças de alguns aumentam, as de outros cessam.
E hoje, tenho certeza de que não voarei nos meus balões multicoloridos, os quais o vento levava com tamanha facilidade.
É duro acordar para a realidade e viver!
E ter certeza que minha imaginação de menino não me dará tudo.
Enquanto o vento não me leva, viverei, viverei, intensamente, aproveitando cada instante.
E já que ele não poderá me levar pendurado nos meus balões, sentirei-o em minha face, e terei certeza de que vivo e que já que não posso voar, ao menos posso sentí-lo em meu rosto. E ter a certeza de que fui e sou feliz.
Apesar de voar aterrizado!

sexta-feira, maio 16, 2008

Três

Noite de sábado, nada para fazer. Vejo alguns panfletos sobre a mesa da sala, vou procurar o que tem de interessante. Encontro um que me chamou atenção: “Inauguração de um bar”. E lá me vou. Apronto-me rápido, ficar em casa só não é comigo, e saio à procura do bar.
Depois de algumas voltas encontrei o endereço indicado. Entro no recinto, música alta tocando, bebidas, conversas. E eu, mais um desconhecido naquela multidão eufórica. Observo todos, já que cheguei sozinho, não tenho com quem conversar.
De súbito, um olhar azul brilhante, feito o mar iluminado no poente observa a minha presença. Um olhar feminino. Meus olhos fitam aquele olhar, e busco saber o que se esconde por trás dele. Desvio do olhar azul, e observo os detalhes da face delicada da moça: nariz pequeno empinado, lábios carnudos pintados com um batom rosa, e desço mais, pescoço comprido, e continuo minha exploração sem hesitar, decote enviesado, o vestido preto longo marca a cintura fina e esconde suas pernas.
Quando decido voltar a fitar o olhar azul, encontro outro olhar me observando, num jogo inverso, agora eu sou o ser observado, mas o que me intriga é que o olhar que me repara é do acompanhante da moça de olhar azul. E, já que sou espiado, sinto-me no direito de olhar também. Fito os olhos negros que me olham, olho fundo, sem desviar o olhar, e ele me olha também. Como anteriormente, exploro, de longe, já que alguns metros nos separam; cada detalhe. Com suas mãos grandes tira os cabelos negros lisos da face, suas sobrancelhas grossas ficam a mostra por um instante, face larga, quadrada, pele bronzeada, nariz grande afilado, lábios grossos, parece que faz biquinho. E desço, decido ir além, sinto-me no direito, pescoço grosso, trapézio saliente, a camisa branca apertada marca o peitoral definido, calça jeans rente às pernas.
Não sei aonde esse jogo chegará. Enquanto o observo percebo ele conversando com um garçom e dá-lhe um papel. Percebo também ele me olhando de cima a baixo.
Instantes depois o garçom me entrega um bilhete: “ Gostamos de você.” Olho para o papel e olho para eles, e ele faz um sinal com a cabeça mostrando a saída do bar.
Eles saem e eu os acompanho. Chegando na porta ele diz para eu acompanhar o carro deles. Como obediente que sou, acompanho em meu carro.
Chegamos a uma casa um pouco afastada da cidade. Fomos direto para o quarto, nossos olhares desejosos observavam cada detalhe, cada gesto que o outro fazia. Agora, já não mais existe casal, somos três. Tiramos nossas roupas, deixamos os valores, os tabus, de lado. Somos três em essência, despidos dos arquétipos, sem indumentárias.
Amamos-nos por três horas seguidas. O sangue quente corria em nossas veias. No nosso jogo não existia gênero, nada de masculino nem feminino. Amamos-nos, apenas amamos, corpos quentes, nosso suor molha o lençol branco de linho egípcio e lava nosso desejo saciado.
Três corpos ligados por um único desejo, três e um só gozo.

sábado, maio 10, 2008

Hoje acordei com vontade de você...


Hoje acordei com vontade de você...
Depois que partiu meus dias ficaram sem graça, as cores perderam os sabores. Nada me sacia.
Tenho saudade da sua boca pequena na minha.
Tenho sede do seu gosto.
Fome do teu desejo.
Saudade do seu afago.
Foi tudo tão de repente, e de repente você se foi.
E aqui, me deixou.
Triste, tristinho.
Só, sozinho.
Mas não há de ser nada.


Mãos

Mãos que afagam
Mãos que protegem
Mãos que acariciam
Mãos que cuidam
Mãos que mimam
Mãos ternas
Mãos que castigam
Mãos que corrigem
Mãos que ensinam
Mãos que lutam
Mãos Mãos Mãos Mãos
Mãos de Mãe!

sexta-feira, maio 09, 2008

Enquanto o sol não vem

Mais um dia, e a vontade de escrever não cessa, então escrevo, escrevo aleatoriamente, deixo que as palavras inundem meu ser, talvez, sejam elas minha melhor companhia.
Fico só, enquanto minha janela se faz de moldura para o sol entrar e aquecer meus dias. E me escondo nas cores das almofadas, para ver se elas me contagiam com sua alegria, mas mesmo assim, talvez não cesse. E, se não cessar? como ficarei ? Só, somente só. Mas será que há quem se importe com isso?
Tento de tudo para me saciar, mas só uma coisa me completa, minhas interrogações talvez sejam respondidas agora, nesse fluxo contínuo inundo meu ser, e aqueço minha essência, entro em contato com meu íntimo enquanto o sol entra pela janela e ilumina meu ser e me traz a vontade de ser como ele... Sozinho, porém radiante, e às vezes se esconde para a lua também brilhar, e ele vai embora para outro lugar iluminar, a solidão dele não é egoísta, ele brilha para todos, mas talvez poucos apreciem sua presença,nunca fui muito seu fã, mas agora me assemelho a ele. Não que eu seja egoísta e queira todos girando ao meu redor, mas talvez eu brilhe sozinho. Longe de mim ser prepotente, apenas serei como o sol.
Palavras,Palavras,Palavras,Palavras,Palavras,Palavras, tantas palavras aprendemos, elas aqui me saciam, enchem-me de vida, por isso escrevo, escrevo porque preciso viver.
Escondo-me nas cores, nas palavras, encho-me de vida.
E no céu? O Sol.


Só lhe dão - solidão


Muitas coisas acontecendo, sei lá, me veio a necessidade de escrever algo, mas não algo fictício. Algo real, então por que não falar do protagonista da minha vida?! EU!!! Mas,não sei se serei um assunto tão interessante para a sua leitura.
Talvez, não seja um texto qualquer, seja um texto desabafo. Um convite à penetração do meu âmago, Isso mesmo no meu âmago, estou enamorado por dicionários, palavras difíceis. Sim, estou estudando o Aurélio.rsrs Mas isso não vem ao caso agora...
Sinto-me só. Mas não é uma solidão de Amor, é uma solidão de amigos.
Os dias estão cada vez mais vazios, passo o dia todo vendo as paredes frias do meu quarto, e nem uma, nem uma sequer, alma vivente além de mim que me possa fazer companhia.
Acredito que eu esteja entrando em contato com as minhas profundezas, eu! Que não gosto de ser superficial, mas também não queria ir tão fundo.
Não sei, meu dias estão cada vez mais gélidos, sem graça.
Só as palavras me saciam. Por isso que te escrevo agora, para saciar, saciar meu eu, saciar minha solidão.
Solidão, só lhe dão, então.
Talvez esta só seja opção, ou talvez imposição, só lhe dão. Deram-me ou eu escolhi não sei, apenas sei que estou só, sozinho, mais sem graça que pão com o ovo.
O vazio agora toma conta, já que aliviei com palavras, então, deixar-te-ei, isso mesmo na norma mais culta da lígua, deixar-te-ei em paz.



quarta-feira, abril 30, 2008

Amelie - II

Amelie saciou sua vontade acompanhada do guri, passaram todas as fases possíveis no jogo. Já na vida, não sei dizer. Tenho certeza de que deve está se perguntando por que uma rapariga passaria uma manhã jogando viedogame com um menino. Mas tenhamos calma, eu ainda não sei o motivo, mas pode esperar que vos convido a descobrir.
De tão concentrados não viram a manhã passar. Já se passava do meio-dia quando, saciada do seu desejo, Amelie dispensou o seu companheirinho, levou-o até o portão, ele saiu, deu adeus enquanto Amelie ficou olhando até ele se perder por entre as várias esquinas que tem perto do seu cubículo alugado. Isso mesmo, ela mora de aluguel. Fechou o portão e subiu as escadas.
Entrando no quarto, desce do seu salto 15, pára, olha para a parede e ajeita um quadro - um retrato de alguém que eu ainda não sei - tira o vestido. É, você está pensando aonde isso chegará, o que ela fará?´ É, ler também é um exercício de paciência, tenha paciência, tenha paciência, exercita a paciência. Pacientemente como um som hipnótico eu instigo, imagino que estás com vontade de largar esta página e procurar outra coisa para fazer, mas não, você não fará isso, eu sei; duvido que tenhas coragem. Estou começando a gostar desse negócio, não sei explicar a sensação de ter você preso ao meu texto, mas é justamente por isso que escrevo, escrevo porque posso brincar com vidas, com a sua vida.
Sorria, voltemos ao que interessa - o vestido de tafetá rosa desce junto ao corpo e cai no chão e Amelie fica de pés atados por um instante, levanta a perna direita e tira o molho que se formara o vestido, pisa, tira a outra perna.
Deixa o molho de lado, e começa a tirar todos os apetrechos, começa de cima, tira os colares, o espartilho, e joga, joga tudo; o chão do seu cubículo fica forrado com seus panos; tira a cinta liga, e fica despida, agora não existe mais indumentárias, nem arquétipos. Liga a vitrola que fica sobre o criado-mudo.
A música que toca lembra àquelas das caixinhas musicais que tem uma bailarinazinha que fica girando, e ouvindo esse som, Amelie e sua essência, apenas sua essência começam a dançar, com os olhos fechados e os braços como se fossem ondas, dança leve, como se fosse liberta de si.
Quando de repente, como se quisesse apoiar-se no vácuo, ela cai - pisa em um dos seus sapatos que ficara no chão - cai e bate a testa numa das paredes da sua caixa de música improvisada.
E, como se visse estrelas, desmaia.

sábado, abril 26, 2008

Cada uma que me aparece

Se tem uma coisa que mexe com a cabeça masculina, além de por que mulher sempre ir ao banheiro acompanhada, é o que elas levam na bolsa.
E, em épocas de modismos, as bolsas delas aumentam suas dimensões cada vez mais. O que aumenta, também, é a nossa curiosidade. As possibilidades são inúmeras: abosorvente, maquilagem ou todos os acessórios necessários para a complementação da beleza feminina. Mas não, meu bem. Elas vão mais longe do que poderia imaginar minha fantasia. Sempre perguntei as minhas amigas o porquê de elas sempre irem acompanhadas ao toalet, nunca me respondem de forma convincente.
Sim, mas voltemos ao que interessa. Existem variantes, a bolsa da minha mãe é uma farmácia ambulante, tem de tudo, desde remédio para dor de cabeça até remédio para unha encravada. O que levam na bolsa revelam um pouco,ou muito, de si. As teens costumam levar gloss, acessório indispensável para atrair a atenção do paquerinha novo.
Mas não, ainda não é isso. Acreditava que já tinha visto de tudo dentro da bolsa de uma dama, mas para a minha surpresa e dos meus companheiros de gênero, me chega Mariana com um microsysten na bolsa, pasmem, não era nenhuma dessas inovações tecnológicas de música portátil, não! não era nenhum mp3, nem um mp4, muito menos um ipod, sim era um microsysten, um desses que tua mãe te dá para colocar no quarto, para você parar de ouvir música alta no aparelho de som da sala.
Em dias cada vez mais necessitados da versatilidade de acessórios femininos, não tomo por surpresa ver nas ruas mulheres com suas crias à tira-colo.

terça-feira, abril 22, 2008

Ritinha

Pedro e Clarice chegam à sua residência por volta das 23 horas. Atravessam o jardim, encontram a porta entreaberta, a sala esta na penumbra – a pouca luminosidade vem de um poste do jardim. Não entendem o motivo de a porta está entreaberta, já que Ritinha – a filha do casal – se preocupa muito com a segurança da casa.
“-Ritinha.” – Chama Pedro.
“-Querida, você está aí?” - interroga Clarice.
Sem respostas, vão ao quarto dela, a cama está intacta, os lençóis não dão uma dobra sequer. Clarice vai até a suíte, nenhum vestígio da sua presença. Encontra apenas um vidro de sal de banho aberto.
“-Pedro, tem um envelope na mesa do computador.” - diz Clarice.
No envelope escrito: “Aos meus queridos”.
Clarice olha preocupada para Pedro. Sua expressão revela seu pensamento: “O que será isso?”. Pedro pega o envelope, respira profundamente como se com o ar viesse a coragem; retira – com as mãos trêmulas – a carta.
“Queridos, há muito tempo queria falar algo para vocês, entretanto, não sabia como abordá-los...”.

Ritinha chega em casa decidida, não fecha a porta e nem acende a luz. Atravessa a sala de estar, entra em seu quarto e vai direto para sua suíte. Entre lágrimas prepara o banho com seu sal preferido: limão – o cheiro cítrico a deixa calma, põe o vidro sobre a pia, e começa seu ritual: entra na banheira, brinca por um instante com a espuma esverdeada tomando-a em suas mãos e soprando-a. Com o olhar perdido lembra do sorriso da mãe e do olhar reprovador do pai.
Após o banho, veste seu roupão, senta-se à beira da cama por alguns minutos, olha uma fotografia no criado-mudo: a família reunida no aniversario de 15 anos. Pensa no que acontecerá.
Vai para a mesa do computador, pega papel e caneta na gaveta, começa a escrita de uma carta.
“... não sei como explicar esse sentimento que toma conta do meu ser...”

O pai já com a voz embargada continua a leitura da carta. A mãe, com as pernas adormecidas, cai sentada na cama de Rita.
A cada palavra escrita uma lágrima derramada. Assina a carta, pega seu perfume na penteadeira e borrifa no papel.
“... resisto, mas é mais forte que eu...”

Clarice continua em silêncio, seus olhos brilham, sua respiração ofega. O que acontecera com a sua doce Ritinha? – pensa.
“... é mais fácil condenar...”
Rita sai do seu quarto, vai à cozinha, pega uma maçã na fruteira, delicia-se da doçura e da beleza do seu fruto predileto.

Pedro coloca o papel sobre a mesa do computador, balança a cabeça como se quisesse afastar seus pensamentos, puxa a cadeira, senta e continua a leitura.
“...tenho medo da reprovação de vocês...”
Saboreando a maçã – Ritinha – pega uma faca e sai em direção ao sótão. Desfila pela casa vestindo um roupão apenas e pés descalços.
“...se eu pudesse eu mudaria, sinto o desejo me consumir e a resistência mata-me aos poucos...”
Os olhares de Pedro e Clarice se cruzam.
No sótão, que servia de depósito, Ritinha afasta todos os objetos que pudesse atrapalhar seu ritual.
“...trago comigo o peso de estar presa à um corpo feminino e amar um ser igual à mim...”
Clarice chora desesperadamente, tentando abafar sua emoção com as mãos.

O palco para seu ritual está pronto. Dá a última mordida na maçã, tira o roupão, pega a faca, respira e num movimento brusco, para não te faltar a coragem, corta os pulsos.
“... amo, mas não ouso nomear este amor...”
Clarice e Pedro se abraçam.
“... alguém tem sempre de morrer para que os outros vivam, morro para a vida de vocês. Não quero que paguem o preço de ter uma filha que a normalidade não aceita.
Quero que guardem a lembrança do meu sorriso.
Cada um pode com a força que tem na doçura de ser feliz, eu não pude e nem tive força. Ritinha”.
Num gesto desesperado Clarice percorre todos os cômodos da casa na esperança de encontrá-la viva. Entra no sótão e encontra a sua Ritinha com o corpo despido, as mãos sobre o busto sujo de sangue e o olhar paralisado. Ajoelha-se, pega Rita como se fosse o bebê que viu crescer e a toma em seus braços. Suas lágrimas lavam a face da filha.
Vendo que o fio da vida se rompera fecha o espelho da alma.