terça-feira, julho 07, 2009

Arco-iris em dias de sol (opinião pessoal)

Os homossexuais foram perseguidos, presos, massacrados pelo nazismo, Igrejas afirmam ser uma das formas do demônio manifestar sua presença e ameaça, a homossexualidade era doença com tratamento psiquiátrico. Apenas em 17 de maio de 1990 o termo homossexualismo, referente à anomalia, deixou de existir sendo substituído pelo termo homossexualidade. Desde então, muito se tem discutido a respeito do tema. As políticas públicas e sociais voltadas para esse grupo têm crescido a cada ano que passa, não apenas em âmbito mundial e nacional, em Aracaju a comunidade GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros) tem se destacado e se mostrado.

Fim de tarde de domingo, no bairro Luzia, localizado em área de classe média da capital sergipana. O celular de Pedro toca, do outro lado da linha é Renato, seu parceiro, pedindo que faça o jantar. Pedro prepara um jantar tipicamente sergipano: cuscuz, carne assada e café. Vinte minutos após o telefonema a campanhia soa. Renato é recebido com um selinho nos lábios. Após um rápido banho os dois sentam-se à mesa para a refeição. Essa é parte da rotina de dois funcionários públicos que decidiram dividir suas vidas morando juntos.

Renato é médico da Prefeitura Municipal de Aracaju, o que o deixa sossegado, pois com a aprovação do Projeto de Lei 04/07, que alterou a lei complementar nº. 50 de dezembro de 2001 no regime da Previdência Social de Aracaju, o companheiro ou companheira homossexual passou a ter direito à pensão em caso de morte do funcionário da PMA.

Depois da refeição decidem dar uma volta pela cidade, o destino escolhido é a Orla de Atalaia, a Região dos Lagos é um dos locais preferidos do par, onde costumam andar de mãos dadas. Tinham medo dessa atitude, mas atualmente as autoridades locais estão reagindo ao preconceito e criando leis para coibir os crimes de natureza homofóbica. Na capital sergipana o vereador Elber Batalha criou um projeto de lei que criminaliza a homofobia. Ações como essas fazem a comunidade gay sair da sombra, da margem da sociedade.

Sergipe já conta com leis que favorecem o grupo, uma delas é a lei 3.461/2007, projeto da vereadora Rosangela que pediu a inserção do Dia Municipal contra a Homofobia, celebrado em 17 de maio. A data é uma lembrança da retirada da homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Outra existente é a lei nº. 3.324 de 30 de dezembro de 2005, na qual é reconhecida a Utilidade Pública da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe (ADHONS). Sem esquecer de falar que a Parada Gay; principal movimento político do grupo, no qual a comunidade GLBTT sai às ruas em busca de seus direitos e reconhecimento, contam com a participação de políticos e da sociedade civil; já está incluída, através de uma lei criada pelo vereador Chico Buchinho, no calendário cultural da cidade de Aracaju. No evento, uma enorme bandeira com as cores do arco-íris é levada por militantes, o arco-íris é o símbolo do grupo e da diversidade.

A maioria dos gays não tem despesas fixas, como filhos, por exemplo, o que lhes garante uma boa estabilidade financeira. Visando essa estabilidade, muitos ambientes voltados para o grupo têm sido abertos, a cidade contava apenas com um bar (Alquimia Music Bar) e uma boate (Clone Mix), mas recentemente mais um bar (Tribus) foi inaugurado. Festas alternativas também existem na capital Sergipana, só no mês de maio foram produzidos dois eventos: O Forró Clone Mix e o Forrorejo. Apesar de esses ambientes servirem de socialização de afins, a esperança é que eles deixem de existir, pois com tantos avanços e com o apoio político não será necessário limitar o que é território homossexual e o que é território heterossexual. Em um futuro próximo a sociedade se acostumará a ver duas pessoas do mesmo sexo de mãos dadas. Verás, leitor.

O arco-íris não necessitará da dispersão de luz solar em gotículas de água para aparecer. Ele tem se mostrado, mesmo em dias sem nuvens e ensolarados. Estamos prestes a reviver a época da mitologia grega, onde o amor; fosse ele entre dois homens, duas mulheres ou entre um homem e uma mulher; era aceitável, tanto no plano humano quanto no plano dos deuses.

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