quarta-feira, julho 08, 2009

Capítulo Quinto - A carta

Lucas acorda sorrindo. Sorri ainda deitado. O que teria acontecido durante o sono? Nem ele mesmo sabe, pois esquecera de tudo que sonhou. Acontece de você querer lembrar do que sonhou e não conseguir, foi o que lhe aconteceu. Tentava lembrar, adulava a memória para que lhe trouxesse as lembranças do que sonhara, mas não conseguiu. Desiste.

Por entre os seus sorrisos tem uma idéia: escrever uma carta. Mas quem seria o destinatário? Lucas não tem amigos. Os poucos conhecidos com os quais se relaciona, ele não sabe endereço nem telefone, nem se têm parentes. Como escrever para alguém que não se sabe ao certo quem é? Foi nessa hora que ele teve um estalo: “Já sei.” Sua voz alta revela seu entusiasmo. “Já sei, vou escrever para mim.”

Procurou caneta e papel de carta, sim, pensou em escrever em uma folha de caderno, entretanto, a ocasião pedia algo especial. Para, morde a caneta, pensa no que escrever. Olha o papel com margens delimitadas com folhinhas de louro douradas e começa escrever:

“Olá, querido, Bom Dia...

Tenho reparado no quanto você tem se sentido sozinho, não vejo motivo para tal sofrimento. Olha, meu bem, eu sempre estarei aqui, em qualquer situação que passares jamais te abandonarei.

Sei que os dias tem se tornado martírio para ti, e as noites se transformado em sua fuga, para o mundo além da imaginação É bom. Não te faz bem? Então, segue...

Dizem que a vida nem sempre permite que nossas escolhas sejam realizadas. Por isso, querido, sonhe. Sonhe, mas com um único cuidado. Não sonhe apenas no mundo da imaginação, sonhe no mundo real também. Não acredite no que ouves, no mundo real tudo também é possível.

Busque realizar.

Realize, sonhe, mas sonhe acordado também.

Olha, terei de encerrar com minhas palavras por aqui, mas tenha certeza. Amo-te. Não só porque eu sou você e você sou eu. Mas amo pelo que és. Pelo que somos. E o que eu sou, o que você é? Somos seres em busca da outra parte que não seja nós mesmos. Enquanto não a encontra. Ame, ame a si mesmo, assim como eu te amo.

Abraços, Lucas.”

Lucas dobra o papel, fecha o envelope. Vai até a caixa de correspondências e a coloca. Volta para o quarto. Deita-se em sua cama. Fecha os olhos, adormece. Algumas horas depois ele desperta do repouso. Sorri. Volta à caixa de correspondências. Pega o envelope.

Começa a leitura da carta sentado à beira da cama. Neste instante uma lágrima fez-se notar. Pela primeira vez, lera aquelas sentimentalidades.

Alguém o amara? Sim, pelo menos sua essência o amava. Disso ele tinha certeza.

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